e-mail para o Papai Noel

----- Original Message -----
From: Paula S.
To: renan.calheiros@senador.gov.br ; dep.arlindochinaglia@camara.gov.br
Cc: herodoto@cbn.com.br
Sent: Wednesday, December 13, 2006 4:19 PM
Subject: Do aumento de salários e a sustentabilidade nacional


Caros Srs.,

Escrevo para externar meu absoluto desgosto em relação a total insanidade que parece exalar dos órgãos públicos.
Todos os dias ouço notícias falando a respeito dos escândalos do governo - são desvios de verbas, obras superfaturadas, políticos escapando inpunemente, super-hiper-salários! É tanta informação que por certo tempo, parei de ouvir as noticias, porque estava gritando com o rádio e perdendo meu bom senso.
Escolhi hoje, para escrever-lher, porque percebo que mais um ano acaba, e NADA parece mudar.
Será que os senhores realmente não se importam com tudo que está acontecendo?
Será que todos os membros dos partidos políticos que aí estão têm rabo preso com escândalos passados, ou têm medo de ser (in)justamente envolvidos em escândalos?

Eu sou historiadora, e ao contrário dos alunos de história, não sou de esquerda. Eu simpatizo com a auto-gestão pela iniciativa privada, ou o anarco-capitalismo, que para o maior pesadelo dos senhores, acaba completamente com a necessidade dos senhores estarem aí. Acontece que, por mais utópico que esse regime possa parecer, eu não consigo encontrar nenhum argumento desta democracia que possa se opor a opinião que formei com estudo universitário e experiência de vida.

Escrevo, então, para perguntar-lhes: até quando as notícias que ouvimos de Brasília nos darão calafrios, como num pesadelo surrealista onde nenhum crime tem solução e nenhum escândalo tem resposta? Os senhores irão mesmo aumentar os próprios salários até quando? Até QUANTO? Que realidade é essa onde profissionais de nível superior ganham salários de R$ 2.000,00 reais e políticos ganham mais de dez vezes mais?

Eu sempre achei que o trabalho do político é administrar, no entanto a única coisa que vejo é o oposto disso: são alianças secretas e busca insaciável por vantagens pessoais, prestígio e poder.
Eu acredito que se é necessário que haja um governo, que os salários deste sejam condizentes com o resto dos salários da iniciativa privada. Como é possível gastos tão gigantescos?

Por que os pagadores de impostos têm que sustentar essa realidade? Por que temos que pagar esses salários?

Durante a eleição, o TSE fez a propaganda para as pessoas não votarem nulo, votarem conscientes, e que "você (o brasileiro) é o patrão". Ora, ninguém me perguntou quanto EU quero pagar de salário para os senhores.

Será que a propina do bolsa-família é suficiente para as famílias menos favorecidas (e menos esclarecidas) não se importarem com o achatamento da classe média brasileira? Não existe classe média! O surrealismo continua nos orçamentos familiares onde os salários são ínfimos mas como tudo neste país pode ser parcelado em cem vezes "de suaves prestações" o "tamanho do seu sonho" é alcançado. Isso é uma farsa! Não há real poder aquisitivo!

Eu escrevo para os senhores porque não acredito neste sistema. Eu não acredito que os senhores lerão ou responderão este e-mail. Eu não acredito que é possível o poder político deste país tenha a força e a integridade necessárias para fazer esta nação crescer.

Eu escrevo para os senhores porque espero, como historiadora, professora, mãe e idealizadora de uma sociedade consciente, que nas escolas ensinem Henry David Thoreau http://www.culturabrasil.pro.br/zip/desobedienciacivil.pdf para as crianças e que os ideais em filmes como V de Vendetta http://wwws.br.warnerbros.com/vforvendetta/ tornem-se parte do consciente coletivo. Se os senhores não mudarem, nós mudaremos os senhores.

Eu não acredito nos senhores, mas espero que os senhores provem que eu estou enganada.

Cordialmente,

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Papai Noel morreu. E acharam que ele era Judas Iscariotes, e malharam o Papai Noel nas ruas de Brasília.